Um homem que estava desaparecido em São Paulo, há mais de 10 anos, foi localizado e devolvido à família, em Santo Antônio da Patrulha. Em julho deste ano, a Promotoria de Justiça de Santo Antônio da Patrulha, em conjunto com o Abrigo Social Nova Vida e com o Instituto Geral de Perícias (IGP), iniciou a busca pela documentação e a família, de um dos acolhidos que havia chegado ao abrigo no mês de maio, transferido de outra instituição do município.  O promotor de Justiça Camilo Vargas Santana relata que, ao ser procurado pela instituição de acolhimento, começou uma pesquisa para que o interno, que se autodenominava Alex Josias Barros, tivesse documentos e um encontro com a família. Ele foi encontrado em situação de rua e, por precisar de cuidados mais especializados, foi transferido para o Abrigo Nova Vida. Ele foi levado até o IGP, em Porto Alegre, para tentar uma identificação. Porém, nada foi encontrado no Estado. Entretanto, foi descoberto que em 2022, o IGP em Osório havia realizado um exame pericial de confronto papiloscópico (digitais), conta o promotor.  Camilo revelou que, ciente dessas informações, solicitou ao IGP o encaminhamento dos dados para os demais estados do Brasil, com a esperança de algum retorno positivo. “Passado um tempo, começamos a receber as negativas da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina… até que em São Paulo deu positivo. E, com isso, também recebemos a informação de que ele estava desaparecido desde junho de 2014, na época, com 35 anos”, comentou o promotor.  Com todas as informações coletadas – nome correto e Estado de origem –, o promotor Camilo, fez contato com a psicóloga e coordenadora do Abrigo Nova Vida, Kétlen Ribeiro. “Eu fiquei muito feliz, toda a equipe se encheu de alegria e, sem o apoio e dedicação do promotor e dos servidores do Ministério Público, não teríamos conseguido ter todas as informações tão rápido”, relata.  Kétlen repassou as informações para a Secretaria Municipal de Assistência Social para que o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) de Santo Antônio da Patrulha fizesse contato com os familiares de Mauri. Foi então que o Cras entrou em contato com Maria Aparecida. “Eu comecei a chorar, ajoelhei e agradeci a Deus por terem encontrado o Mauri, porque era tudo que a gente queria. Nós nunca perdemos a fé que iríamos encontrá-lo”, conta a irmã.  Maria Aparecida diz que foram 10 anos bem difíceis e de incertezas sobre a situação do irmão. “Quando falaram que ele já estava aqui há mais de dois anos, eu fiquei muito feliz por ele estar bem, por estar reconhecendo a gente.”  O promotor ainda ressalta que essa história vai ter um final feliz graças à interação entre todos os órgãos de Santo Antônio da Patrulha. “No andar do expediente notei que precisamos cada vez mais ter esse olhar para as pessoas, para a sociedade, e isso me fez ver que o objetivo principal é realmente esse, é estar perto das pessoas. Uma reflexão que fizemos é que possivelmente ele já passou por algum atendimento médico, inclusive em outras cidades, e em nenhum momento se buscou saber quem era efetivamente. Talvez se essa pesquisa tivesse sido feita antes, o sofrimento dessa família já teria sido abreviado”.  Na tarde da última terça-feira,(17/10),  Maria Aparecida foi até Santo Antônio da Patrulha reencontrar o irmão pessoalmente, depois de algumas conversas por vídeo. Depois de quase 10 anos, Mauri Moreira dos Anjos,  que tem o diagnóstico de esquizofrenia, irá retornar para a família.

Foto: MPRS/Divulgação